Eu to sentindo falta de escrever.
De parar de fazer qualquer coisa, abrir o Word e continuar uma história já há
meio caminho andado. Já fiz muito isso na vida, mas nunca percebi o quanto eu
gostava. Agora que o problema é começar,
toda aquela inspiração parece muito longínqua. Nunca achei que fosse precisar
escrever esse tipo de coisa. Eu não escrevo mais diário, porque achei que já
estava grandinha demais pra isso. Agora eu me perco nas minhas memórias (sem
tê-las anotado em lugar nenhum, sem saber quando tal coisa aconteceu), e
escrevo meus problemas pra postar na internet. Não considero isso um
amadurecimento. Pelo menos o diário era particular... Mas tudo bem, it’s not a
big deal.
Ultimamente,
estou lendo muito, ouvindo muito Los Hermanos e pintando as unhas cada vez
menos. Ultimamente, tenho desejado me casar logo, morar com a pessoa que eu amo
e partir pra vida logo de uma vez. Ultimamente, tenho me pegado pensando muito
no sistema que é a língua e agradecendo menos a Deus por estar viva. Ou pelas
árvores. Ultimamente, tenho me decepcionado muito comigo mesma. Eu costumava
agradecer pelas árvores. E pela lua e pelas nuvens. O que ta acontecendo agora?
Não sei
se para amadurecer é estritamente necessário deixar algumas coisas pra trás. Eu
gosto mais de acreditar que é um processo acumulativo, em que nada é inútil ou
descartável. O meu objeto de estudo é a minha vida como um todo, e tudo
importa. Não preciso do Paradigma Científico Clássico aqui, não quero
separabilidade, não quero a prepotência de descartar algo que julgo não ser
relevante. Meu eu é relevante, se não
para você, para mim. E esquecer, mudar, apesar de fazer parte do processo do
amadurecimento, ainda é triste.
Minha
vida inteira eu buscava maturidade. Já no começo da adolescência, me considerei
madura. Apesar de sempre clamar ser apenas uma criança, no fundo, eu me achava
sinceramente madura. (Em comparação ao restante das pessoas da minha idade com
quem eu convivia). Mas agora encarando ela na cara, sabendo das lembranças boas
às costas, não sei não se quero tanto assim amadurecer. Ter que escolher uma
assinatura oficial pra assinar no cartão de crédito, ter uma chave de casa, ter
que lembrar sozinha de levar o guarda-chuva... É complicado. A percepção da
adulthood caindo nos ombros com peso de chumbo, leva a gente pra baixo um
pouco. O que eu tanto queria, agora me apavora um bocado.
Talvez
seja só essa fase de transição que é
(mais) difícil. Estranhamente, eu não temo a ideia do casamento, maternidade ou
trabalho fixo – tais situações ainda são uma realidade distante, de certa
forma. O que me tortura é esse mudar, é esse “ficar diferente” que as pequenas
coisas evidenciam. Porque há 6 meses, eu nunca levantaria do meu sofá pra ir
estudar na biblioteca. Também nem levantaria da cama pra ir pra escola se
estivesse chovendo. Hoje em dia, eu pego meu guarda-chuva e coloco bota. E
quando eu vou visitar a mamis, ela diz “Como você ta diferente! Ta falando
diferente, uns assuntos diferentes...” Diferente, diferente, diferente,
DIFERENTE.
Já
percebeu como, quando você repete muito uma palavra, ela se torna super
esquisita? ...Diferente!